terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Selecção de casais

Após a preparação vem a tarefa mais difícil, pois todo o sucesso da temporada depende daquilo que vamos fazer, o objecto fundamental que nos move que é a criação, a reprodução de canários. Todo o tempo que gastamos vendo pássaros em concursos ou em lojas, ou mesmo em casa de criadores é sem margem para dúvidas uma grande mais valia e pode evitar que depois de vários anos de criação se chegue à conclusão de que andámos a perder tempo. Se o criador tem apenas como objectivo fazer com que os seus filhos vejam como criam as aves, qualquer casal serve para esse fim desde que sejam capazes de criar, basta que gostem das aves. Mas se o desejo é obter alguma qualidade, é necessário fazer um trabalho mais sério. A selecção de casais é pois o momento mais importante da criação, deve ser realizada de uma forma consciente e ponderada de acordo com aquilo que pretendemos fazer. Devemos seleccionar os nossos progenitores previamente, sacrificando as exposições, bem como adquirir as aves que pensamos serem suficientes para equilibrar o plantel. As aves escolhidas devem ser sempre com aspecto saudável, bastante vivos, com olhos brilhantes e que tenham movimentos ágeis e rápidos. A plumagem também é fundamental devendo ser brilhante, sedosa, bem distribuída e apertada contra o corpo. Não podemos esquecer que as fezes mostram o estado de saúde da ave, pois devem ser secas, com uma parte negra que é o excremento e outra branca que é a urina concentrada. Nos Lizard, escolher as aves para acasalar, é uma verdadeira complexidade dadas as características que estão em jogo e a diversidade de variáveis que cada ave apresenta, correspondendo a um Standard perfeitamente clássico. É um canário que desafia as leis da genética. È pois necessário combinar a plumagem, intensos com nevados, a calota, nunca associar duas aves de calota perfeita, os desenhos das costas, as SPANGLES, o desenho do peito, as ROWINGS, bem como a transmissão genética da oxidação das aves, para além de outras características que são também importantes. Nos Arlequins a tarefa não é menos difícil, sendo uma ave que necessita ainda de se afirmar na ornitologia. É necessário seleccionar as aves que nos garantem uma progressão futura, por isso o porte da ave é, na minha opinião, fundamental. Devemos escolher as aves esguias com estrutura óssea que permita a posição que se pretende, o tamanho da canela é uma referência importante, e costas rectas que acompanhem a cauda. Devemos também procurar obter aves variegadas, sendo comum associar uma ave mais melânica com uma mais lipocromática. Neste aspecto tenho verificado que os criadores de Arlequim esquecem um pormenor extremamente importante, que se reflecte nas aves vistas em exposições recentes. Não se pode, simplesmente, juntar aves mais escuras com aves mais claras, é necessário também considerar que se deve juntar uma ave mais intensa com uma ave mais nevada, tal como se faz noutras raças, para que os resultados mostrem plumagens aderentes ao corpo.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Preparação para a criação

Vem ai a época de criação e todos os criadores se preocupam com a preparação dos seus reprodutores. Neste aspecto tenho que dar a mão à palmatória, pois durante muitos anos fiz a preparação ministrando anti-bióticos que considerava serem preventivos em relação a determinadas doenças. Hoje reconheço que todos os criadores, que tantas vezes contrariei, que defendem a não utilização de anti-bióticos como preventivos tinham toda a razão. Desde que deixei de intoxicar as aves comecei a obter muito melhores resultado e a ter aves mais saudáveis. Penso que este sucesso se deve em grande parte à alimentação, principalmente das fêmeas. Durante a muda e até à aproximação da reprodução, tenho as aves em espaços grandes, onde podem voar livremente e banharem-se. Neste período a alimentação é feita à base de sementes e verduras com um complemento de proteína animal. Dado o esforço que as aves têm durante a muda, regularmente administro um complexo vitamínico que seja rico em aminoácidos (essenciais para a renovação das penas). Quando de aproxima a reprodução retiro os machos das voadoras e coloco-os em gaiolas isolados, com uma alimentação normal, onde desenvolvem o cio. As fêmeas requerem mais atenção, mudando-as para voadoras mais pequenas, onde permanecem juntas. A sua alimentação é diferente pois têm de ser preparadas para a função de formação e postura dos ovos. Embora as sementes sejam a base dessa alimentação, não podem ser esquecidas as necessidades de cálcio, fósforo e proteínas, dando uma a duas vezes por semana papa, o que vou aumentando à medida que se aproxima a reprodução. Por vezes as coisas simples são as mais eficazes e naturalmente temos tendência a complicar pois queremos fazer tudo pensando que é o melhor.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

As minhas experiências na aproximação ao Standard do Arlequim

Considero excelente trocarmos opiniões que possam levar a um melhor desenvolvimento do Arlequim, já que confrontando as nossas experiências, e sobretudo as nossas dificuldades, estamos com certeza todos a ganhar. Desta forma apresento a minha experiência relativamente ao desenvolvimento do Standard do Arlequim.

As espécies que vivem na actualidade descendem de outras espécies já desaparecidas, através de trocas havidas entre elas, preservadas pela herança e seleccionadas pela luta pela sobrevivência” Charles Darwin

Pelos resultados que tenho obtido, penso ser a forma a maior dificuldade, já que é necessário combinar dois aspectos em certa medida antagónicos, ou seja, o factor vermelho com o corpo esguio, isto porque o factor vermelho implica normalmente um peito arredondado, que não está de acordo com o Standard do Arlequim. Independentemente do destino que venha a ter a raça, vou procurar criar sempre aves que apresentem um corpo esguio pois considero-as com excepcional beleza.

A poupa também apresenta dificuldades, mas o que tenho registado é que neste caso a maior dificuldade é fixar esta característica pois quando se atinge uma poupa próximo da perfeição as gerações seguintes já não apresentam a mesma característica.

Quanto ao tamanho, o que tenho verificado é que, como trabalho sempre linhas de consanguinidade, sempre que se cruzam duas linhas diferentes o tamanho aumenta bastante, permanecendo as características que pretendo fixar. No entanto, neste aspecto, obrigatoriamente, temos que fazer selecções sucessivas e ter muita paciência, projectando sempre os resultados que pretendemos obter, para mais facilmente identificarmos o que fazemos bem e o que fazemos mal. Deste trabalho tenho verificado que a hereditariedade tem um peso grande, pois a mistura de genes de diferentes linhas conduz a um aumento do tamanho, ao contrário da consanguinidade como tinha referido. Mas não é a única condição, pois uma alimentação variada e rica também é fundamental, bem como o espaço utilizado pelas aves, já que penso que uma ave confinada a um pequeno espaço não terá o mesmo desenvolvimento a nível de estrutura óssea que aves que disponham de um espaço onde possam voar livremente (utilizo sempre espaços amplos onde as aves são obrigadas a esforços maiores). Por outro lado devemos escolher as fêmeas que põem ovos maiores quando queremos obter esta característica. Atendendo a que é uma raça em formação, temos que ponderar sempre o cruzamento com raças análogas, principalmente neste aspecto, embora também sou de opinião que devemos ter uma grande cautela e precaução, na medida em que esta mistura pode conduzir a defeitos no fenotipo muito difíceis de erradicar, no entanto sabemos que, no mundo da ornitologia, esta é uma prática comum na procura de melhores resultados. Tal como dizia De Vries “As coisas hereditárias são individualidades susceptíveis de mutar individualmente e em consequência a herança não é um todo, como o vinho que pode passar em jorro contínuo da garrafa ao copo, mas sim unidades que, como os bagos de uva, que se podem comer um a um.”. No meu caso pessoal só fiz experiências com Llarguet, que me tem dado resultados bastante favoráveis, mas também é utilizado o Bernês. São duas raças que apresentam algumas semelhanças de standard com o Arlequim. Neste ponto, recordo-me de, na Mostra de Arlequins de Coruche (julgo que em 2003), ter visto um exemplar, que teria já cerca de 16 ou 17 cm, de um conceituado criador, e de este dizer que o tamanho era fácil de atingir.

No que respeita à cor, um dos itens menos valorizado no Standard, é aconselhável que os casais (tanto o macho como a fêmea) vão sendo, ano após ano, tanto quanto possível, os mais variegados, o que faz com que a percentagem de aves excessivamente melânicas ou lipocromáticas vá diminuindo. No entanto não devemos esquecer que o Arlequim é obrigatoriamente variegado e portanto devemos fazer jus ao nome, pelo que por muito bom porte que ave possa ter, se não for uma “manta de retalhos”, não pode ser considerado um bom exemplar.

Em suma, o grande desafio é a selecção de aves para acasalamento, que deve ser criteriosa e com bastante rigor, pois é necessário prever o resultado final, para atingindo ou não, termos uma noção do trabalho que estamos a desenvolver, e nunca de uma forma aleatória, pois corremos o risco de obter um bom resultado sem saber como, hipotecando o futuro, os outros possíveis bons resultados. É pois necessária muita paciência e empenho para caminhar no bom sentido e permitir que o desenvolvimento do Arlequim seja cada vez maior. Mas também afirmo, para quem pensa que é algo impossível, que ano após ano a qualidade dos Arlequins, apresentados nas diversas exposições, tem aumentado extraordinariamente.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Arlequins 2009


Alguns dos Canários Arlequim deste ano, ainda em fase de muda.





Lizards 2009

Exemplares de Lizard que vou utilizar nas Mostras deste ano.

Reprodutores 2010

Alguns dos Arlequins reprodutores que vou utilizar na criação de 2010.



domingo, 16 de agosto de 2009